Tudo o que você precisa saber sobre Modern – Parte 1
Caros, cardnautas! O artigo de hoje vem com um título ousado. Ousado pois, por motivos óbvios, é impossível esgotar assunto sobre um formato que vive tamanha diversidade como atualmente. Talvez pela falta de eventos grande porte, como um Grand Prix, temos vivido uma era de ouro (ou selvagem) no Moderno. Além disso, como esta é uma coluna de enfoque financeiro, a tarefa se torna ainda mais complexa, então decidi que a melhor forma de juntar tudo isso é buscando debater o formato sob a luz do que vem em Modern Horizons 2.
Com efeito, para executarmos uma análise mais precisa, dividi este tema em mais de um artigo, visto que podemos ter alterações ainda em nossa análise em função do spoiler da nova coleção. Ainda assim, é possível iniciar o trabalho reflexivo, e conduzir, você, leitor, a uma compreensão mais clara do formato sob a luz do mercado financeiro.
Sob esta égide, iniciamos com uma sentença polêmica: o Modern não mudará de imediato. Sim, temos cards muito poderosos na nova coleção, e sim, teremos novos arquétipos ou a ressurreição de arquétipos em baixa, mas isto não significa que o metagame mudará em poucas semanas. Como boa parte dos eventos do Modern ocorrem na situação atual, no Magic Online, dificilmente, teremos muitos bons jogadores dispostos a jogarem com decks inovadores. Pode-se dizer que o pragmatismo tende a acompanhar os melhores, e isso, gera uma resistência natural à mudança.
O que irá ocorrer nas primeiras semanas são o uso de cards que complementem arquétipos já famosos. Vamos pegar o deck mais jogado no atual meta que é o Izzet Blitz:
O deck acima funciona basicamente como um agressivo, que busca fazer criaturas sinérgicas com mágicas. Para que o deck não engasgue, a maior parte das mágicas precisa custar pouquíssimo mana, sendo que Iteração Expressiva é a única que custa efetivamente duas manas e se mantém na lista, por ser muito acima da média. Considerando a situação do spoiler atual, o card mais propenso a entrar nessas 75 cartas é Suspend. O fato de você trocar uma mera devolução por um exílio temporário de dois turnos, faz muita diferença, produzindo efeito similar ao que o Reflector Mage realiza no Humans. Mesmo no side, o deck procura recorrer a mágicas de custo baixo, logo cards como Counterspell e Cursed Totem podem vir a disputar espaço nessa parte. Subtlety pode aparecer também no side, ou quem sabe, uma cópia maindeck, porém, o Izzet Blitz não foca em anular o jogo do oponente, e sim, fazer uma bola de neve de poder em seu próprio campo. O deck tem a vantagem de não possuir criaturas com habilidade ativada, logo, o reprint de Cursed Totem tende a cair como uma luva no side desse arquétipo.
Um outro deck que vem subindo em popularidade e é muito difícil que sofra intervenção direta de Modern Horizons 2 é o Ad Nauseam:
Não tenho dúvidas de que Grief jogará no Moderno. Porém, alguns decks possuem restrições no que podem ou não usar e o Ad Nauseam é um desses decks. Para falar a verdade, o deck Ad Nauseam é muito difícil de ser alterado, pois seu combo é muito fechado em si. Grief jamais entraria nessa lista, por ter um valor de mana igual a 4. Logo, Thoughtseize tem cadeira cativa nessa lista. De fato, é muito difícil que algo mude nesse deck com Moder Horizons 2, logo, o grande perigo no que tange o aspecto financeiro são os próprios cards da lista atual. Vários deles já sofreram valorização recente, como Wishclaw Talisman e Phyrexian Unlife e muitos jogadores podem optar investir em um deck eficiente que não precise de novas peças.
Por outro lado, vamos falar de um deck que mesmo sendo uma força no formato, ele terá mudanças sensíveis na sua lista, o Esper Control:
Quem vai usar Logic Knot, quando se tem Counterspell? Modern Horizons 2 traz muitas peças para o deck e temos um card que irá revolucionar a lista que é Damn, um card que pode ser uma “spot removal”, ou uma “mass removal”, e sim, vale a pena mexer na base de mana do deck e aposentar a Danação do side. As criaturas com free evoke (Grief e Subtlety) possuem mais chance de aparecerem neste deck, dependendo da urgência exigida no meta. É importante ressaltar, que esses cards não seriam tão essenciais se fossem soltos no meta atual, porém, como a própria coleção força a velocidade do formato, eu não estranharia em ver cópias no side dessas criaturas. Além disso, cards como Sudden Edict e Cursed Totem vão ser opções para atacar outros ângulos do formato e o deck ainda ganhou a eficiência máxima de remoção com o reprint de Vindicate. É importante ressaltar que nenhum desses cards altera a essência do deck, mas apenas conferem mais eficiência no que este fazia antes.
Para encerrarmos esta primeira parte da análise sobre o Moderno, vamos pegar outro deck que surgiu recentemente e tem produzido resultados – o Electrobalance:
De todos nossos exemplos no artigo de hoje, este é um deck que tende a sofrer alterações mais sensíveis. Isto ocorre, pois o espírito do arquétipo é basicamente conjurar mágicas poderosas sem custo, tendo como sinergia principal, a combinação de Restore the Balance e Greater Gargadon. Com a chegada de Modern Horizons 2, temos duas mágicas sem custo que aumentam absurdamente o poder desse deck: Gaea’s Will e Profane Tutor. A primeira executa o papel de Yawgmoth’s Will, permitindo que você conjure novamente, por exemplo, uma Electrodominance. A segunda é simplesmente um tutor que vai buscar o que falta para garantir a principal jogada do deck. Por mais que eu goste de Ancestral Vision, não vejo um bom futuro para ela em um deck que vence com uma estratégia específica, logo seu efeito se torna obsoleto, quando do mesmo modo é possível buscar exatamente o card que se precisa.
Por fim, nesta primeira parte de nossa tour pelo metagame do Modern, podemos concluir que muitos cards continuarão jogando nos principais decks, tendendo a valorizar em função da demanda e escassez de reprint. O reprint de cards da primeira Modern Horizons quase não terá impacto no mercado, visto que sairão apenas nas boxes de Collectos, que além de caras, possuem apenas 12 boosters. Em termos de perigo de alta valorização, é preciso estar atento, principalmente, aos decks novos ou que estão reemergindo em popularidade, como Electrobalance, Ad Nauseam e Through the Breach (falarei deste na próxima parte), onde há espaço para novas demandas.